quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O primeiro grande teste ao Van Staal

O nascer e o pôr-do-sol são, sem sombras de dúvidas, as alturas em que mais gosto de ir pescar mas, na realidade, algumas das melhores capturas que já fiz não coincidiram com este timing...
Acordei eram 09:15h, o que é para mim dormir até bem tarde! Só trabalhava de tarde e tinha toda a manhã à minha disposição, com a esposa a trabalhar e as filhotas na escola. Decidi ir espreitar no ipad as previsões da altura do mar e do vento, o que me fez hesitar em sair de casa, pois não é fácil arrumar um cantinho para pescar com mar de 2 - 3 metros, com vento fraco mas de direcção variável. Como já tinha o fato, a sweat de lycra e o casaco de mergulho numa caixa há uns 15 dias prontos a usar e ainda sem ver água, resolvi sair de casa nas calmas e ir espreitar um spot bom para estas condições.
Pelo caminho liguei aos meus Amigos Cuco e Urubu, ambos na labuta. O Cuco lamentou logo não poder acompanhar-me, com saudades de pescar... O Urubu perguntou-me se ia com fé, ao que respondi que "nem por isso"; avisou-me logo: "assim é que os vais xinar de certeza"! Respondi que, na eventualidade remota de tal acontecer, como tinha perdido a máquina recentemente (levou com uma super vaga enquanto estava pousada numa rocha distante da água e nunca mais a encontrei) se apanhasse um tarolo ia liberta-lo e sem provas multimédia. O Urubu pediu-me que não o fizesse e que guardasse o peixe para o jantar de Natal do Hotspot. Ficou prometido!
Sozinho, como não gosto, lá cheguei ao pesqueiro e ao avistar o estado do mar voltei a hesitar... estava um mar gordo, com um intervalo curto entre vagas! Um mar à Homem, para robalos grandes, mas pouco propício a um pescador solitário. Como nestas lides sou um tipo de pouco juízo lá me fui equipar. Ui! Ou o fato mingou ou... bem, vamos ao mar! :)
Eram 10:50h mais ou menos quando comecei a pescar e o mar metia respeito. A maré vaza era às 11h pelo que se queria molhar o fato não tinha muito tempo para me decidir em avançar mar dentro. Lá fui eu na expectativa de ver se conseguia aguentar uma amostra dentro daquela força bruta. Nos primeiros lançamentos perdi logo uma zagaia, o que me deu vontade de dar logo meia volta. Como as saudades de ali estar eram mais do que a vontade de voltar atrás, fiz um novo terminal e empatei um vinil grande. Adoro pescar nestas circunstâncias: um misto de medo de ali estar, com a adrenalina de imaginar que é assim que costumo engatar grandes robalos! Desta vez com mais um handicap - sozinho...
Toca a soltar o aço para o líquido a fervilhar espuma branca e, ora a salpicar-me o rosto com aquele spray salgado, ora a cobrir-me de cima abaixo e a mover os meus mais de 100Kg como se fosse uma areiazeca! Pouco demorou a sentir a primeira grande tolada, com a linha a sair desenfreadamente do Van Staal que ali fazia a sua segunda pesca! Drag rapidamente esganado e toca a batalhar contra aquela bizarma e contra o mar e corrente seus aliados! São estes momentos que se tornam inesquecíveis na nossa memória e que fazem valer as longas grades. Tentei a todo o custo evitar que o peixe se abeirasse de uma cordilheira de rochas, mas fui incapaz de o fazer; numa onda o peixe passa-lhe por cima e o terminal 0,60 (com cerca de 1,20m) de fluocarbono fica preso nas percebes. Na onda seguinte, com o peixe dentro de água e o terminal preso, tento solta-lo com a ajuda da força da onda, sem sucesso. Esperei apenas por mais uma onda e, ao aperceber-me que assim não ia lá, sem pensar duas vezes mergulhei e fui com o Van Staal submerso agarrar o peixe à mão para depois soltar a linha! Que filme! Que adrenalina! Que inconsciência (eu sei)! Para os nossos Familiares e Amigos que não pescam e mesmo para nós amantes da Pesca, pensando friamente, é um acto estúpido, insensato. Para quem se debate com um peixe destes, ainda por cima naquele cenário, deixa de haver consciência dos riscos quando se avista aquela prata reluzente na ponta da nossa linha! Não nos lembramos da Família, do trabalho, das chatices, de nada... valem os dias passados a imaginar aquele momento, os tempos que passamos a sonhar com as melhores amostras, o melhor comprimento de cana, o carreto mais adequado... Enfim, naquela altura existia eu e um robalo e tudo o resto era paisagem! Sem falsas modéstias, com alguma perícia, coragem e muita sorte, ganhei!
Com o coração a mil e o peixe prometido ao meu Amigo Urubu no saco, decidi fazer apenas mais 3 lançamentos e abandonar o local, cada vez mais perigoso e com a maré já a encher. Ao segundo lançamento, mais uma grande tolada seguida de muitas toladas que me dobraram a cana toda com a embraiagem fechada, a levar o equipamento ao limite! Este era ainda maior e mais enérgico e assim que lhe vejo o lombo a vir à superfície, salto para a rocha mais próxima da água e tento trazê-lo rapidamente até mim. Com a força do mar, o peixe volta a galgar a tal cordilheira, mas desta vez mais próximo de onde me encontrava  e sem linha presa. O mergulho inevitável foi mais curto, menos arriscado e consegui cobrar o tarolo sem grandes dificuldades.


Satisfeito e incrédulo por conseguir dois belos peixes num tão curto espaço de tempo e ainda por cima àquela hora do dia e com um mar bruto, prescindi do terceiro e último lançamento e dei a pesca por terminada. Depois de na estreia sacar um miki pouco maior que a amostra, desta feita foi o primeiro grande teste do Van Staal. Posso dizer que a prova foi superada. Quanto a mim, a única grande desvantagem deste autêntico guindaste é o peso... de resto, espetáculo de máquina!

Caros Amigos, já temos robalos para o arroz do jantar de Natal! ;)

Abração e boas pescas!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Haveria melhor forma de lhe dar os parabéns?

O fim-de-semana de pesca tinha ficado aquém das expectativas, aliás como todo este ano de 2014... Contudo, ao sair do trabalho lembrei-me de ligar ao King para saber se já tinha partido para Faro. A resposta foi negativa e tratamos logo de marcar hora e local para uma pesquinha. Ainda vinha a conduzir e a trocar mensagens quando numa delas o João me avisa que não ia dar chances pois teria uma prenda de aniversário de 9 Kg! Só aí me lembrei que era dia do seu aniversário! Grande falha! "Ok, ok, só por isso hoje vou deixar-te apanhar um miki ao meu lado!", respondi-lhe eu.
Depois de alguns meses sem ver o meu Amigo, lá nos reencontramos onde mais gostamos, junto ao mar, com um pôr-do-sol fabuloso! Haveria melhor forma de lhe dar os parabéns? Claro que não! 


Para completar o ramalhete, ainda tivemos duas peripécias engraçadas: o João levou 2 ou 3 banhos de cima abaixo (como é costume) mas com a particularidade de ir de fato de treino, sem impermeável (!) e eu perdi uma lente de contacto devido ao vento! Foi assim um cegueta e um tipo cheio de frio a safarem as respectivas grades, numa altura em que o friorento implorava para ir embora!



Foi pena, dadas as circunstâncias, termos de abandonar o spot, pois tenho a certeza que tínhamos dado finalmente com eles, depois de tanta grade e tanta procura por diferentes spots! Os peixes eram pequenos e foram libertados, mas os grandes também lá devem andar... A confirmar numa próxima investida, já sem o aniversariante.
Apesar dos contratempos do nosso dia-a-dia é muito gratificante seguirmos os passos seguros de um Amigo e partilhar com ele o crescimento, os avanços, as conquistas... mesmo à distância!
Fez-me lembrar uma passagem do filme "O bom rebelde" em que um de dois amigos inseparáveis desejava que chegasse o dia em que o outro, que o esperava à porta todos os dias de manhã, um dia não estivesse lá à sua espera como habitual. Isto porque seria sinal que teria arranjado trabalho e estaria melhor, mesmo que isso significasse não ter a sua companhia.
Por isso Amigo King, parabéns e que continue a ver-te de longe a longe mas que os teus estudos e a tua vida te sorriam sempre!

Um abraço!