sexta-feira, 31 de maio de 2013

Uma manhã animada em S. Jacinto - blogue reaberto ao público

Há uns meses largos que não ia a S. Jacinto e, embora as condições metereológicas não fossem as ideais, decidi ir fazer uma visita ao local. No dia anterior ainda tentei desencaminhar os meus compinchas, mas acabei por ir sozinho... Estava a precisar de pescar, de ter umas horas de paz junto ao Mar.
Eram 7 da manhã quando saí de casa, como faço num dia normal de trabalho, mas a distância a percorrer era bem maior que a do dia-a-dia. Consegui atravessar o Porto sem grandes filas e apenas parei para meter gasóleo, enganar rapidamente o estômago e comprar isco (casulo, navalha e caranguejo).
Chegado a S. Jacinto palmilhei o extenso areal até ao paredão, onde a ria desagua no mar. Apesar de muito cansativo, tinha muitas saudades daquele passeio e daquela paisagem virgem. Naqueles 30 minutos de caminhada solitária vêm à cabeça tempos idos de pescas gloriosas, mas também os nossos primeiros chaços atolados na areia! A companhia que tanta falta me fez é sempre recordada e a sua falta sentida - a pesca nem é a mesma coisa... mas já ali estava e ia fazer-me bem ao espírito.
Escolhido o local para sujar as mãos com isco, toca a montar a primeira cana e a lançar a primeira iscada com casulo. Mal pouso a cana para montar a segunda, levo uma bardoada com a marca sargo, das que já não sentia há muito. Infelizmente, quando voltei a pegar nela, já o anzol vinha limpinho. Fiquei logo electrizado, pois quando os sargos lá andam é um fartote! Volto a iscar, novo lançamento e cana na mão à esperinha de lhes dar nos dentes. Mal a linha estica na corrente, zás! Ferro eficazmente e lá vem o meu primeiro sargo a chegar e eu a vê-lo brilhar aos meus pés naquela água barrenta, quando numa das muitas turras o fluocarbono (ferido no lançamento anterior) parte. Fico eu a falar sozinho e a culpabilizar-me por não ter mudado o tenso coçado, quando ouço uma voz a chamar-me: "Não pode pescar aqui enquanto os camiões estiverem a passar com pedras, é pela sua segurança". Apesar de educado e de estar a cumprir a sua função e a zelar por mim, naquele contexto fiquei danado! Depois de me levantar cedo como num dia de trabalho, de fazer uma viagem de mais de 1 hora de carro, palmilhar 30 minutos pelo areal e nos dois primeiros e únicos lançamentos perder dois peixes, tive de acatar a ordem e sair dali. Toca a andar mais 15 minutinhos paredão fora, até um local sem tráfego.
Pelo caminho, com o sol a bater-me na pele e a nortada quase a arrancar-me o chapéu mas a varrer-me do cérebro as preocupações do dia-a-dia de trabalho, voltei à estaca zero - vontade de ali estar, fosse mais para a frente ou mais para trás.
Isquei e lancei a cana já usada e, enquanto montava a outra, via-a a dar os primeiros sinais de peixe. Os toques, ferragens, peixes pescados, peixes libertados (por serem pequenos), foram-se sucedendo e animando a minha manhã. Os sargos não eram grandes, mas não me davam descanso. Os sargos e os anzóis perdidos graças aquele fluorcabono foleiro que comprei no dia anterior.
Com o fim da maré, a actividade do peixe baixou. Tinha boas expectativas para esta fase do dia, com o sol ao alto e a maré parada e isquei com navalha na tentativa de enganar umas douradas. O tempo  ia passando e nada, até que numa das canas sinto uns toquezinhos subtis, de faca e garfo... pensei para mim: "Olha uma douradinha"! Aguardei com calma até ao toque que fez vergar a cana e levantar o meu stella do chão! Grande trolitada e que força fazia com cabeçadas em direção ao fundo! Abri a embraiagem e trabalhei o peixe até à beirada e nunca mais o via brilhar como desejava... só imaginava o belo do fluocarbono a partir... Alturas tantas, em vez do brilho que tanto almejei, vejo uma bruta duma "cobra" a chegar às rochas! "Que azar do carago! Já não bastava não ser uma dourada, era um puto de um safio enorme"! Como estava a cerca de 3 metros acima do nível da água, muito embora as pedras por baixo estivessem a seco, pousei o safio numa delas, baixei a ponteira da cana e estiquei a linha e icei o peixe. A meio da viagem o super fluocarbono partiu uma vez mais! Olho para baixo e lá estava a "cobra" encostada ao paredão, a seco. Embora não a quisesse trazer para casa, pois é peixe que não aprecio, queria tirar-lhe uma foto pois tinha seguramente mais de 1 metro! Pousei a cana e desci o paredão a correr, mas quando cheguei ao local da queda, zerinho! Já se tinha metido num dos muitos buracos, mesmo a seco, entre pedras e algas! Durante uns 10 minutos ainda vasculhei com algum medo os buracos, mas o medo de levar uma ferradela fez-me (corajosamente) desistir.
Ainda pesquei mais 3 ou 4 sargos na primeira hora de enchente, mas dei a pesca terminada com 5 sargos no saco e um dia bem passado.

Os dias bem passados a pescar, se possível com Família e Amigos, sempre foram o motivo deste blogue. As grandes pescarias que muitos (apenas) vêm espiar para ver os spots, amostras, etc, etc, etc... acontecem quando acontecem, fruto da nossa insistência.
Ponderei fechar o blogue por causa dos "espiões", pseudo-pescadores, que aqui vêm muitas vezes provocar, insinuar e até insultar. Na verdade, seria dar-lhes a importância que não têm. Resolvi seguir os conselhos do meu Amigo Cuco e voltar a abrir a todos o acesso, vivenciando a Pesca como sempre - com paixão, como espero que este relato e o blogue de uma forma global espelhem.


Aquele abraço!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Forte norte!

Mais uma bela manhã com mar a condizer e a chamar pela malta para mais uma investida "spinneira".
Lá se encontraram os suspeitos do costume, Urubas Zé Pedro e eu, com um pequeno atraso do nosso amigo Zé que estava a ultimar uns assuntos pessoais.
Arrancamos antes do Zé chegar; começo a pescar logo no primeiro spot com o Urubas a escolher um spot mais dianteiro!
Soprava uma nortada forte, toleravel e que ajudava no voo da amostra. Ao 4º lançamento sinto uma pancada forte e tenho a primeira luta do dia com um peixinho da medida, nada comparado ao que estavamos habituados nos últimos dias. Vejo ao longe o Zé Pedro a chegar, que assiste da bancada ao primeiro exemplar do dia e o Urubas rumava ainda em direcção ao spot escolhido. Bem, a coisa prometia!

Lançamento atrás de lançamento e nada. A nortada estava cada vez mais forte e o frio era tanto que roçava o desagradavel. Com o virar da maré rendemo-nos, sem sentir outra escama qualquer!

Valeu pela companhia amiga dos suspeitos do costume e pelo único peixinho pescado logo nos primeiros lançamentos que desgradou por completo o grupo e que nos aumentou as esperanças, confirmadas posteriormente como infundadas.

Abraço!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Robalos a seco e aos pés!

Nesta jornada de pesca ficou provado que os nossos amigos robalos nos esperam onde por vezes menos contamos com eles.
Fui pescar com o meu Amigo Cuco numa maré viva e começamos a pescar já bem perto do fim da vazante. Apostamos num local onde temos sido bem felizes, o Cuco especialmente. Como já tinha muito pouca água, decidi ir tentar a minha sorte noutro spot, mas o Cuco ficou por ali. Poucos minutos depois, fruto da insistência naquele "sequeiro", lá chamava o Cuco por mim com a cana em esforço! Longe como estava, limitei-me a recolher a minha amostra rapidamente e a pegar na máquina para filmar o momento - e que momento! Um peixe lutador e que vendeu cara a derrota, mas que acabou por ceder à perícia do Prof. Cuco, cada vez mais habituado a estes lobos do mar.


Continuamos cada um no seu spot, mas com fezada renovada. O tempo foi passando e nem sinais de mais robalos. Entretanto, o "sequeiro" do Cuco foi-se transformando num verdadeiro canteiro de rochas e algas (impressionante como um peixe tão grande caça em tão pouca água!) e o Cuco veio para perto de mim. Já lado a lado, lancei o ferro para a "cordilheira" e safei a minha grade com um robalote da medida.


Já livres de vir a seco, começamos a insistir com os vinis que tantas alegrias nos têm dado. O Cuco serve a refeição de plástico a um mikizinho, mas devolve-o água de seguida. Já estavamos a voltar ao habitual - o Cuco não tem dado abébias, nem aos robalos nem a ninguém! LOL Já tinha o maior exemplar e maior número de exemplares! LOL
Conformado com mais uma tareia do meu Amigalhaço, e já depois do sol desaparecer no horizonte alaranjado, retirava o meu vinil à FCP da água quando me dá a sensação que este se prendeu na rocha aos meus pés, já a seco... mas afinal quando dou um toque de ponteira, levo duas trolitadas valentes e a ponteira quase que bate na rocha graças a um belo robalo! Abri o drag para evitar ter dissabores com a cana e para tentar não perder o peixe que nem ferrado foi, e este levou logo uns metros de linha. Tinha de lhe tirar a linha que levou perigosamente para junto de outras rochas e assim fiz - trouxe-o novamente para junto de mim e com a juda de uma onda ergui-o aos meus pés. A meio do curto "voo" desferrou-se mas, felizmente, já a seco e sem chances de se pirar.


A noite aproximava-se rapida e perigosamente para quem tinha de nadar até à areia com a maré já a encher, mas combinamos fazer mais 5 lançamentos da praxe.O Cuco perdeu o vinil dele antes dos 5 tiros finais, mas pode confirmar em directo o que já tinha acontecido com o peixe anterior - um ataque aos meus pés, mas desta vez ferrado eficazmente. Foi o meu maior peixe, ali aos pés, embora mais pequeno que o do Cuco, pescado a seco! Impressionante e electrizante a pancada ali tão perto de nós com tão pouca linha a separar-nos da amostra e do peixe!


Ainda fiz 5 lançamentos suplementares e emprestei a minha cana ao Cuco para os 5 dele, sem mais escama. Mesmo assim, viemos embora com a sensação que se insistissemos mais íamos continuar a dar neles, mas outros valores se sobrepuseram.



Magnífico fim de tarde de pesca!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Dedica-te aos polvos, gradeiro!

Eram 6 da manhã e lá íamos nós a nado, numa água bem fresquinha e com força, rumo ao hotspot. Os primeiros raios de luz irromperam no horizonte e continuávamos a seco. O Urubu tinha acabado de perder uma amostra quando me viro para ele e lhe dou sinal do primeiro toque que tinha sentido, sem conseguir ferrar. No lançamento seguinte, novo ataque (linha tensa e amostra a trabalhar com a força da onda, sem corricar) e ferragem, com o peixe a dar duas toladas e a largar segundos depois. Já estava a ficar lixado e exclamei para o Urubu: "Dois lançamentos, dois ataques e tocos! Já estou a ficar lixado"! À terceira foi de vez: lançamento, ferragem e peixe a seco. Estava a ver que não!...


Guardei o robalo e fui fazer o nó do terminal na cana do Urubu para que ele não desse tréguas com a minha cana ensinada (LOL) - acreditei que se tratasse de um cardume de robalos de passagem.
Infelizmente, até ao fim da manhã, não sentimos mais escama. O Urubu ainda chegou a dizer que os 3 toques que levei nos três lançamentos seguidos tivessem sido do mesmo robalo, mas quero acreditar que foi mesmo um cardume que por ali passou e que reencontraremos numa próxima visita ao local.
Ao vir embora, o Urubu ainda safou a grade com um polvo que sacou de uma fenda nas rochas pelo que lhe deixo um conselho: Dedica-te aos polvos, gradeiro! Ahahahahahah!



Ao almoço, fui convidado para um churrasquinho na casa da minha irmã e cunhado Xinante Atmosférico. Aceitei de imediato o convite, na condição de levar o robalo recém-pescado para comer escaladinho. Até estalou! Divinal!