segunda-feira, 11 de abril de 2016

Camisola amarela

Sou do tempo em que as corridas de bicicletas, e em especial a Volta a Portugal, enchiam as ruas e estradas do nosso país de milhares e milhares de pessoas vibrando com as fugas e vitoriando os seus ídolos. É verdade que nessa altura os três principais clubes tinham as suas equipas de ciclismo e a rivalidade clubística vivia-se em cada reta ou nas curvas mais sinuosas. Lembro-me de esperar pelo pelotão na Avenida Fernão de Magalhães, com o ouvido colado a um rádio, sempre na esperança de que à cabeça viesse um ciclista com as cores azuis e brancas, para correr depois para o estádio e poder, assim, assistir ao sprint final e à consagração do vencedor. A camisola amarela - a mais desejada – era a última a ser envergada na cerimónia do pódium. Depois tudo acabava, até à partida do dia seguinte. Foram dias felizes esses em que o ciclismo chegava até à porta das nossas casas!
Lembrei-me disto quando no último domingo fomos pescar para um dos poucos rios do Norte do país bem conservado e com lotes especiais. Uma pesca há muito desejada, mas que só agora pôde ser concretizada face aos afazeres profissionais do Pedro e do Sérgio e, principalmente, pelo muito trabalho caseiro que as duas gémeas dão ao Sérgio e à Nádia. Dão trabalho a dobrar, mas a Felicidade é também muito grande!





Bom, e a que propósito é que falei de ciclismo e de camisola amarela? A culpa foi do Pedro, que me acusou de ser “o camisola amarela”, por andar sempre na dianteira enquanto subíamos pelas margens do rio. É claro que se tratou de uma acusação injusta, já que é impossível andar sempre na dianteira, embora admita que fiz o possível por liderar o pelotão!!! O que só prova a minha boa capacidade física, apesar dos 62 anos…
Quanto à jornada de pesca é importante referir que o dia se pôs de feição, apesar de alguns aguaceiros fortes. O caudal era forte e a água nas primeiras horas estava bastante turva. Mas os peixes responderam positivamente, dando razão aos conhecedores daquele rio que sustentam que os melhores dias para lá pescar são os de chuva…
No total pescamos 10 trutas, todas devolvidas à água em excelentes condições, até porque o lote em que pescamos está destinado a pesca sem morte. Um dia virá em que todos os lotes serão assim!

Com o título desta crónica quase seria desnecessário dizer que o grande vencedor da jornada fui eu. O camisola amarela! Mas todos fizemos o gosto ao dedo… E por ser verdade, importa acrescentar que fui também o vencedor no número de amostras perdidas…



Continuei a liderar o pelotão no trajeto de volta ao carro pela estrada nacional. Ao todo fizemos uns cinco quilómetros, em convívio e desfrutando de enquadramentos paisagísticos deslumbrantes.


E para que conste, não fui o camisola amarela na hora de comer. Empatamos e nem o foto-finish encontrou um vencedor!