sábado, 3 de agosto de 2013

POP, POP, POP... SHLOCK!

Faz alguns anos que andava desejoso de pescar um robalo à superfície com popper. A pesca à superfície é espetacular e proporciona uma adrenalina suplementar ao permitir ver perseguições e ataques às amostras. Este ano ainda não tinha enganado nenhum robalo à superfície, embora tenha por hábito insistir mais nos passeantes do que nos poppers, neste Verão nem uns nem outros tinham facturado...
Quando comecei a pescar, num grupos de rochas ilhadas na última hora da maré vaza, constatei que os primeiros metros de água em meu redor estavam cravejados de laminárias. Adoro pescar entre elas e os nossos amigos robalos também adoram predar nas redondezas, mas era completamente impossível animar um qualquer jerk ou vinil por entre uma cortina tão cerrada de algas. Embora o mar estivesse grossito, peguei num hidro pencil e tentei passear o cão. Rapidamente me apercebi que seria muito dificil animar aquela amostra como deve ser, pois as ondas arrastavam-na durante quase toda a recolha. Abri novamente a caixa das amostras e escolhi o meu velhinho popper da River2sea, bastante mais pesado. Lançamento atrás de lançamento, confirmava que tinha sido uma boa opção, já que no período entre vagas a animação era perfeita. Passa a vaga e "POP, POP, POP!", passa a vaga e "POP, POP, POP, POP!", passa a vaga e já perto da cortina de algas "POP, POP, POP...SHLOCK! zzzzzzzzzzzzzzz"! Grande espetáculo, grande emoção, incrível ver aquele ataque brutal que desta vez não foi precedido de qualquer perseguição visível à superfície e portanto foi ainda mais inesperado! Aquele "SHLOCK" violento seguido de meia volta em direção ao fundo e o rabo fora de água a inverter a marcha! Maravilha! Imagem das que ficam na memória para sempre! Em seguida, o costume, alguma linha concedida pelo drag até o arranque parar; fecho o drag um pouco, trago peixe à superfície com mais 2 ou 3 arrancadas e nos últimos metros tenho de trazer o peixe a planar sobre o manto de algas. Apesar de não ser nenhum troféu, longe disso, foi dos robalos que mais gozo me proporcionaram este ano e de agora em diante posso dizer que já pesquei um robalo ao Popping! Sinceramente espero repetir a sensação, pois é viciante e incomparavelmente melhor do que com amostras de meia água e afundantes.


 
Para mim, esta é uma das razões que tornam o Spinning uma vertente da pesca bastante eclética - depois de peixes ferrados com jerkbaits, stickbaits, pencils,vinis, medalhas, bucktails, passeantes, agora os poppers! E não me cansarei de experimentar novos artificiais, pois também é disso que se faz (pelo menos a minha) pesca!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O PARAÍSO NAS FLORES - IV - A COMIDA E O RESTO


IV - A COMIDA E O RESTO

Conheço quase todas as ilhas do arquipélago dos Açores. São todas diferentes e cada uma encerra a sua beleza intrínseca. Das Flores sabia que era a ilha mais ocidental, que tinha conhecido um forte desenvolvimento com a instalação de uma base francesa de rastreio de satélites e que era a única onde se podiam pescar trutas nas suas múltiplas ribeiras. Não sabia que era tão linda, cheia de flores (e não apenas hortências), e com carateristicas geológicas tão distintas, como são as imensas lagoas, as rochas dos bordões e as impressionantes quedas de água. Paisagens inesquecíveis!








Também não sabia que é a ilha onde mais chove. Tem atualmente menos de 4 mil habitantes. A recessão chegou há muito. A saída dos franceses e o encerramento da base militar foram um rude golpe para a economia local, que procura agora um rumo. O turismo é uma boa aposta e convivi com imensos turistas alemães e franceses. A tranquilidade, a beleza das paisagens e as atividades ligadas ao mar podem aumentar o leque da oferta turística.


Para já, há poucos restaurantes, mas os que existem servem bem, destacando-se o “Pôr do Sol”, situado na Fajãzinha.






Embora indo contra os meus interesses, os responsáveis locais e regionais podem – e devem - apostar no setor da pesca desportiva. Ainda há muito peixe e gente capaz de explorar verticalmente este nicho de mercado. E já estou a ver uma campanha publicitária com o seguinte lema: “Venha às Flores, onde pode pescar um mero à mão”!


E esta, hem?!

As desejadas douradas

Estando o meu amigo Zé Pedro por terras açoreanas entretido com pescarias memoráveis e eu a queimar os últimos dias de férias, decidi fazer uma investida ao sítio que me viu crescer como pescador.

Iscos comprados e material às costas, lá fui eu rumo ao pesqueiro que tantas alegrias me deu no ano passado. Se tudo corresse como planeado, teria uma bela manha de pesca até o "baixa mar".

Chegado ao pesqueiro, escolho uma pedra confortável e faço uns lançamentos, mas nada.. Vou saltando de pedra em pedra, até que saco o primeiro exemplar do dia... Uma bela dourada com cercar de 800g. Depois foi o frenesim habitua - peixe activo ao máximo e algumas ferragens com sucesso. Resultado final, 3 douradas idênticas e 2 bons sargos com cercado 1Kg cada; 5 belos peixes.
Entretanto, já a maré enchia, o frenesim tinha acabado e voltei para casa todo contente com os meus peixinhos.


Pela pescaria e exemplares, voltei ao pesqueiro 2 dias depois com esperança de fazer o gosto ao dedo e as esperanças não saíram defraudadas... consegui mais 4 belas douradas irmãs das anteriores e 2 sarguinhos mais pequeninos.
Apesar da pesca divertida, desta vez passei a maior parte do tempo a montar tensos.. nunca tinha perdido tanto anzol e chumbeira como desta vez, mas também não tive vontade de sair do spot, pois as investidas do peixe e ferragens sucediam-se a bom ritmo (tão bom quanto os anzóis e chumbeiras perdidos). A curiosidade da história, e para grande espanto meu,  foi que quando já arrumava o material para vir embora, vejo um barco de pesca profissional a recolher uma rede que esteve montada durante toda a maré, a cerca de 10 metros do local onde pescava... aqueles pescadores não só pescaram o que naturalmente ficou nas redes mas também todos os meus anzóis e chumbeiras que dei como semeados no mar durante toda a manha.

Vim calmamente embora com sentimento de injustiça e impunidade a que este país já me habituou.

Abraço.