quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sexta-feira, 22 de Outubro - O PRIMEIRO MILHO É DOS PARDAIS…

A sexta-feira surgiu esplendorosa. Poucas nuvens e vento fraco. Os deuses continuavam connosco. Acordámos cedo e rumámos até Porto Salão, na costa norte. O acesso ao mar faz-se por uma escarpa muito íngreme, mas o local é de eleição. Trata-se de um antigo porto artesanal, que é um verdadeiro hino à tenacidade do povo faialense. É que para proteger os seus barcos, os pescadores locais têm de os carregar às costas. Para se compreender a grandiosidade da tarefa, basta acrescentar que foi penoso para mim subir a encosta apenas com o peso da cana e das amostras…
Neste local paradisíaco, fizemos alguns lançamentos à amostra e com zagaias. Não houve registo de qualquer ataque e, por isso, e também porque o mar estava invulgarmente calmo, decidimos rumar até ao Porto Comprido, paredes meias com o conhecido vulcão dos Capelinhos. Aí, voltei a optar pela pesca à bóia, tendo apanhado várias bogas, enquanto o Pedro insistia nas amostras. E com sucesso, já que acabou por apanhar a sua primeira anchova, com cerca de 2,5 quilos, que lhe deu muito trabalho. E a mim também, já que tive de correr por alguns rochedos para filmar a maior parte da acção de pesca. Mas no final valeu a pena!
Não deu para muito mais, porque tínhamos de almoçar rapidamente, para embarcamos às 14 horas. O barco do Faial Terra Mar é espaçoso, limpíssimo, e equipado com dois motores Yamaha de 80 cavalos. A viagem da marina até ao primeiro pesqueiro demorou cerca de uma hora. Deu para apreciar o canal entre as ilhas do Faial e do Pico, glorificado imortalmente pela pena de Vitorino Nemésio, espreitar a monumentalidade das escarpas que caem sobre o oceano e observar o trabalho laborioso dos ilhéus no aproveitamento das fajãs – as terras mais planas da ilha.
Quanto à acção de pesca ela decorreu muito perto do Varadouro. Fizemos pesca de fundo e spinning. Depois de apanhados alguns carapaus e bogas pequenos, pusemos uma cana a pescar à deriva. No entanto, o que mais resultou foi à pesca ao fundo. Sairam alguns sargos (não muito apreciados localmente em termos gastronómicos…), muitas garoupas (algumas bem grandes) e o Pedro ganhou claramente esta etapa ao pescar dois encharéus, com peso superior no total a 5 quilos. Apesar de eu ter pescado ainda um parguete e uma abrótea, regressei a terra com a convicção profunda, de que uma vez mais se ia cumprir o provérbio de que “o primeiro milho é para os pardais”…

1 comentário:

  1. Realmente o sr José bem tinha razão....ainda por cima o milho era de primeira qualidade...bem, o José Pedro lá se teve que render....quem sabe , sabe....um abraço

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